Fé
Comentário do dia Beato Charles de Foucauld (1858-1916), eremita e missionário no Saara
Notas de retiro, Nazaré, Nov. de 1897
«A obra de Deus é esta: crer naquele que Ele enviou.»
Os sentidos são curiosos: a fé não quer conhecer nada, ela […]
quereria passar toda a sua vida imóvel ao pé do tabernáculo. Os sentidos
amam a riqueza e as honras; a fé tem-lhes horror […]: «Bem-aventurados
os pobres» (Mt 5,3). Ela adora a pobreza e a abjeção de que Jesus Se
cobriu toda a sua vida, como duma veste inseparável. […] Os sentidos
temem daquilo a que chamam perigos, daquilo que pode trazer dor ou
morte; a fé nada teme, sabe que só lhe acontecerá o que Deus quiser —
«até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados» (Mt 10,30) — e que
o que Deus quer será sempre para o seu bem — «tudo contribui para o bem
daqueles que amam a Deus» (Rom 8,28). Assim, aconteça o que acontecer,
tristeza ou alegria, saúde ou doença, vida ou morte, fica
antecipadamente contente e não tem medo de nada. […] Os sentidos
inquietam-se com o amanhã, perguntam-se como se viverá amanhã; a fé não
tem inquietação alguma. […]
A fé ilumina tudo com uma luz nova, que não é a luz dos sentidos, que é mais brilhante ou diferente dela. Assim, aquele que vive de fé tem a alma plena de pensamentos novos, de gostos novos, de juízos novos; há horizontes novos que se abrem à sua frente, horizontes maravilhosos iluminados por uma luz celeste e de uma beleza divina. Envolvido por estas verdades tão novas que o mundo nem imagina, começa necessariamente uma vida nova, oposta ao mundo, para o qual os seus actos são uma loucura. O mundo está nas trevas, imerso numa noite profunda. O homem de fé está em plena luz, o caminho luminoso em que anda não se vê com os olhos dos homens; para eles, é como se ele caminhasse no vazio, como um louco.
Eu li este texto e gostei.
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